Charles Perrault nasceu em Paris, em 1628, filho de uma nobre e tradicional família francesa, destacou-se nas áreas de arquitetura, teologia, literatura e direito. Aprendeu a ler no colo da mãe, o pai foi seu primeiro preceptor e, posteriormente, orientou-o nos estudos. Aluno inquieto e questionador abandonou o curso de Filosofia aos quinze anos e preparou-se sozinho para os exames de Direito: "Se sei alguma coisa, eu o devo particularmente aos três ou quatro anos de estudos feitos dessa maneira", escreveu ele em suas Memórias. Era inteligente, autêntico, alegre, irônico, entusiasmado com a vida e interessado por tudo.
Além de advogado, trabalhou como coletor de impostos e divertia-se ao desenvolver decoração, projetar prédios e escrever versos. Teve sobre sua responsabilidade a escolha dos arquitetos do Palácio de Versalhes e do Museu do Louvre. Intelectual ativo, participou da grande polêmica dos autores modernos sobre os antigos. Casou-se com Marie Guichon com quem teve três filhos. Após aposentar-se dedicou seu tempo somente para a educação dos filhos e atividades literárias. Sua mulher faleceu no parto de Pierre – seu filho caçula – que foi apontado como autor da primeira edição dos contos de fadas reunidos por Perrault. Sem comprovação, no entanto, esse fato teria sido uma forma original do escritor para intrigar ou despistar seus contemporâneos. Morreu aos setenta e cinco anos de idade.
Em 1697, publica Contos do tempo passado com moralidades que trazia o subtítulo de Contos da Mamãe Gansa. Mãe Gansa era uma antiga personagem de narrativa popular que contava histórias para seus filhotes. Na edição original, ela aparece na ilustração sob a forma de uma velha fiandeira, tornando-se mundialmente conhecida.
Com linguagem clara e desembaraçada, deu forma literária às histórias que corriam de boca em boca. De maneira ingênua e maliciosa, aproximou a cultura popular da elite e agrada crianças e adultos. Nos contos, introduziu conceitos morais, maneiras de interpretar o mundo e forneceu discussões familiares que pretendiam socializar, educar e civilizar as crianças. Escritos num tempo em que não existia o gênero Literatura Infantil, os Contos da Mãe Gansa obtiveram tanto êxito que acabaram imortalizados. São eles: A Bela Adormecida no Bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Barba Azul, O Gato de Botas, As Fadas, Cinderela, Henrique, o Topetudo e O Pequeno Polegar.