sexta-feira, 24 de junho de 2011

Meu tataravô era africano

            As recentes mudanças nas diretrizes educacionais convocam a presença da história e da cultura afro-brasileira no âmbito de todo o currículo escolar. Na esteira dos pressupostos legais, uma quantidade imensa de livros que remetem ao universo africano e/ou afro-brasileiro vem sendo publicados e tomados como literatura infantil quando, na verdade, possuem caráter informativo.
            Não se trata de desmerecer a importância dessas publicações, mas da necessidade de examiná-los em que medida a linguagem, a ilustração e os discursos neles apresentados estejam em consonância com as formas especificamente infantis de compreensão do mundo e de adequação desses conteúdos.
            Na contramão desse movimento: Meu tataravô era africano, da Difusão Cultural do Livro, escrito por Georgina Martins e Teresa Silva Telles, com ilustrações de Mauricio Negro, traz de modo didático, ao mesmo tempo, artístico, um pouco da história e da cultura afro-brasileira.
            O menino Inácio e seu avô percorrem toda a trajetória dos negros na formação de nosso povo, desde a saída da África nos porões dos navios, mostrando as rotas de escravos até a difícil chegada e condições de permanência dos cativos nas senzalas. Ilustrado com fragmentos e obras de grandes intelectuais e artistas, desfilam em meio ao texto, Gilberto Freyre, Debret, Gilberto Gil, Castro Alves, Pe. Antônio Vieira, Rugendas, entre outros. 
            O garoto ouve muitas histórias de seu avô, mas também repassa e corrige, sob orientação da professora, erros nos discursos didáticos de sua escola, discutindo conceitos e preconceitos históricos e cotidianos. Recolhendo informações de livros, mapas, músicas, danças, religião e culinária, os dois traduzem a herança africana que encontrou em terras brasileiras um jeito híbrido e, curiosamente, singular de resistência.

  

Ficha técnica:

Autores: Georgina Martins e Teresa Silva Telles
Ilustrações: Mauricio Negro
Editora: DCL