De todos os modos, seja pela importância social, pelo avesso e polêmico cidadão, por sua jornada editorial à grandiosidade literária, por um tempo-espaço destinado à infância ou através do uso inventivo da linguagem, pelas acirradas críticas de sua experiência com o movimento modernista ou mesmo à custa das lutas relativas ao petróleo, enfim, várias facetas foram exploradas pelos estudiosos de Monteiro Lobato.
Afinal de contas, que frutos poderiam render ainda o estudo do “Andersen brasileiro”? Pois para a apaixonada e atenta pesquisadora Eliane Debus, Monteiro Lobato e o leitor, esse conhecido, editoras da UFSC e Univali, 2004, um aspecto muito relevante precisava ainda ser explorado: o leitor Lobato e os leitores de Lobato.
No intuito de discutir “todos os caminhos que levam à leitura” como foi intitulada a primeira parte de sua obra, a autora busca o itinerário do Lobato-leitor, as palavras que encantaram quem também resolveu encantar usando a mesma linguagem da literatura. Com momentos sensíveis de sua trajetória como faminto leitor aos espaços da biblioteca e da escola.
Num segundo momento, Eliane discute a recepção crítica, as implacáveis censuras e a permanência da obra lobateana. Segue a terceira parte de seu estudo “as marcas da leitura” passando dessa para a escritura nas “lembranças da meninice que jamais se apagam do cérebro adulto, mesmo quando esse receptador de impressões não consegue, por fraqueza senil, reter as da véspera”.
Por fim, a descoberta de um lobato epistolar: as espetaculares cartas enviadas pelos pequenos leitores e as respostas surpreendentes do pai da literatura infantil que, fazendo justiça ao título recebido, carinhosamente se correspondia com os filhos. Um Lobato missivista, das já conhecidas e emocionadas cartas dirigidas ao amigo Godofredo Rangel e editadas pelo próprio autor a esse maravilhoso e entusiástico estudo do leitor, esse conhecido.
Autora: Eliane Debus
Editora da UFSC e Univali